A interrupção abrange um trecho de aproximadamente 100 metros, onde trabalhadores estariam correndo perigo de cair e levar choques elétricos. Auditores da superintendência também investigam supostas contratações ilegais na obra.
Os trabalhos estão suspensos desde 25 de abril na área problemática – situada no anel superior do estádio, em cima das sociais –, mas a interdição não havia sido divulgada.
– Alguns dias atrás, a empresa (Andrade Gutierrez, responsável pela obra) solicitou a liberação daquele trecho após adotar algumas medidas, mas entendemos que não foram suficientes – afirma Luiz Alfredo Scienza, auditor fiscal do Trabalho.
Segundo Scienza, uma máquina betoneira de argamassa, com engrenagens expostas, também foi interditada por oferecer risco à integridade física dos trabalhadores. Atualmente, a auditoria da Superintendência Regional do Trabalho se dedica a investigar como foram contratados cerca de 40 operários da reforma no Beira-Rio.
A legislação trabalhista proíbe que funcionários com atuação direta na obra – é o caso de pedreiros, por exemplo – sejam empregados de empresas terceirizadas. Eles devem ser contratados pela própria construtora.
– Recebemos denúncias e, durante a inspeção no local, observamos pessoas trabalhando em condições que mereciam averiguação – afirma Scienza.
Ao falar sobre o trecho do estádio interditado, o superintendente regional do Trabalho em exercício, Luiz Felipe Brandão de Mello, garante que "são coisas simples de resolver, nada que impeça o prosseguimento normal da obra." Já o ex-superintendente Heron de Oliveira, que ocupava o cargo quando a interdição foi determinada, em abril, tem outra percepção:
– Se fosse simples de resolver, (o trecho) já teria sido liberado. Desde a interdição, ocorreram várias reuniões com engenheiros da obra e, até agora, não houve solução.
O que diz a Andrade Gutierrez:
O gerente da reforma do Beira-Rio, engenheiro Lucio Matteucci, da Andrade Gutierrez, informa em nota que "o cronograma da obra está mantido", com conclusão prevista para dezembro de 2013. Segundo ele, a área interditada abrigava apenas "serviços preliminares".
Matteucci afirma que ações corretivas foram realizadas no trecho interditado, e um relatório foi encaminhado à Superintendência Regional do Trabalho, que solicitou novos esclarecimentos. A resposta da empresa está sendo providenciada.
Sobre as supostas contratações ilegais, o engenheiro pondera: "A Andrade Gutierrez entende que todas suas contratações estão de acordo com a legislação nacional."
Fonte: Zerohora ClicRBS